O acontecido em Teresina foi o auge de um espetáculo que ninguém quer assistir, nem mesmo se fosse free e open bar. O show de horrores protagonizado por aquelas cenas que podem até ser indescritíveis aguçou ainda mais uma situação que extrapolou, há um tempo, os limites do bom senso, da compostura e, com certeza, daquilo que chamamos de profissionalismo.
Como disse no artigo anterior a este nesta coluna, no caso Joelma x Chimbinha é claramente visível que existe um lado favorecido pelas emoções e pela convenção social de se fragilizar com uma parte debilitada diante de um repúdio moral pelas atitudes da outra parte, e esta parte sem direito nenhum de resposta em meio a um público que também é seu. Sim, Joelma se utiliza do poder que tem nas mãos com o microfone e Chimbinha, retrai-se diante de seu próprio público, que vem deixando muito a desejar em termos de racionalidade. É, mas já sabemos que brasileiro é realmente um povo impulsivo.
O fato era que nenhuma mídia deveria estar tão presente numa discussão que era para restringir-se às famosas quatro paredes. Mas, foram os próprios Joelma e Chimbinha quem deram uma proporção devidamente larga à exposição de sua vida íntima que não tem como os meios midiáticos não interferirem com tamanha presença numa vida que deixou de ser muito pessoal para tornar-se extremamente pública.
Não vou defender Joelma, nem quero tomar parte de Chimbinha. Contudo, os recentes acontecimentos tiram de Joelma qualquer tipo de brilhantismo ou ideais de pensamento que ela tanto gostava de profanar no microfone. Para mim, ela perdeu. Perdeu bastante, não só comigo, mas com muitos fãs (pelo menos aqueles que conseguem enxergar a questão com o mínimo de racionalidade). Nesse quesito, não tenho nenhum repúdio a ser feito com as declarações de Sônia Abraão: eu assino embaixo e reproduzo seu discurso com veemência, porque toda a verdade dita pela apresentadora merece ser exposta. (Assista ao vídeo logo abaixo)
O que mais me frustra é ver os comentários de certos fãs nas redes sociais. A total falta de compreensão racional da situação é controlada por um emocional efervescente que parece até que Joelma é mãe de todos eles. Acho até que existem fãs que amam mais a Joelma do que a seus pais ou parentes ou qualquer ente querido. Façam-me um favor: amem mais a si mesmos. Não, não quero entrar aqui numa discussão a respeito do que um ídolo pode tornar-se para um fã, mas vamos conter as emoções um pouco e parar de ser tolos a ponto de idealizar uma pessoa como qualquer outra em pedestais de mármore expostos em uma espécie de museu.
A questão que gostaria de deixar clara aqui é a minha indignação diante de Joelma e dos fãs que parecem renegar uma figura de suma importância para a história da Banda Calypso: Chimbinha. Receber vaiais indevidas por uma atitude infantil e totalmente descontrolada de Joelma é, no mínimo, ingratidão e falta de reconhecimento real dos fatos, fora tudo que ele vem passando depois que Joelma começou uma sessão de jogo psicológico, até mesmo em rede nacional. Ele estava e está, para mim (e para Sônia), com a razão. Joelma a perdeu a partir do momento que percebeu que poderia jogar todos a seu favor num jogo dramático que só cabe a ela. Ninguém precisava saber das intimidades. Poderíamos solidarizar com a loira desde o início e dar ponto a quem merece, mas diante de atitudes tão escrupulosas fica muito difícil aguentar isso. E outra: vir a público justificando-se que sua atitude foi medo por Chimbinha agredi-la em meio a tanta gente é muita falta de senso ou um famoso "tapar o sol com a peneira" que só sendo muito ingênuo para acreditar nessa dita "transparência". Mas, sim, os fãs podem esperar 4 músicas para ver uma visão tão deprimente como a vista quando Joelma, então, entrou no palco.
Mais uma vez: falta de profissionalismo. Se fosse um game, posso dizer que Joelma perdeu muitos pontos. Fica difícil acreditar num rumo para seu trabalho diante da postura de uma artista que se consagrou ao longo de 16 anos e que, de repente, age como se não houvesse um amanhã no qual ela ainda precisa de sua imagem para compor o seu trabalho. Pelo que eu estou vendo, obviamente, fãs ela terá de sobra. Mas, prefiro preservar minha dignidade e minha racionalidade para tentar enxergar a pessoa por detrás da imagem bonitinha da artista.
Banda Calypso? Ah... essa daí parece ter sido esquecida completamente por Joelma. Acabou, literalmente. Nem isso ela preserva, mesmo tendo concordado em continuar com a banda até dezembro. Ela nem profana o nome de sua própria banda mais. Que ingratidão é essa? Que repúdio é esse? Ela nem está cuspindo no prato que comeu, mas está quebrando o próprio prato que construiu. Isso é repugnante.
Fica difícil, pelo menos para mim, continuar fã de alguém que se mostrou ao Brasil dessa forma. Destruiu um longo caminho que, como bem sabemos, não foi nada fácil. Que a verdade seja sempre dita e sempre mostrada. Eu não sou obrigado a assistir a esse showzinho, nem pago, nem gratuito. Receio apenas pelos fãs de Teresina, que mereciam um retratação muito maior que apenas palavras emitidas por aquilo que assessorias chamam de "nota".
Por favor, não me convidem para esse espetáculo. É um espetáculo que nem eu, nem ninguém quer assistir.
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