Analisando: Banda Calypso seguindo tendências
Não é de hoje que muitos fãs da turma comandada por Joelma e Chimbinha vêm questionando as grandes mudanças que estão sendo evidenciadas nos últimos tempos pela banda. São projetos prometidos, mas não cumpridos; músicas com estilos diferentes daqueles praticados no início da carreira; apresentações de tevê que se resumem a cantar canções antigas já muito trabalhadas... Enfim, a lista de questionamento são grandes, a maioria desses questionamentos providos das mudanças que a Calypso vem "oferecendo" aos seus consumidores.
Mas para que esta matéria não tome rumos a meios de falar de questionamentos, quero focar tal texto nas grandes mudanças que a Calypso vem acarretando nos últimos anos. Primeiro, gostaria de ressaltar que o propósito aqui não é criticar, por mais que críticas existam e sempre existirão, mas o foco aqui é analisar.
Para mim, as mudanças que a Calypso hoje toma como tendência provêm de um trabalho lançado em 2009: refiro-me ao CD volume 13. A líder dessa mudança? Uma faixa até hoje trabalhada pela banda: "Xonou, Xonou". Quem é fã da Calypso há muito tempo, acredito que saberá qualificar e entender melhor o que quero explanar aqui. É possível visualizar nesses 13 anos de Banda Calypso, claramente, uma linha do tempo dividida e mais acentuada quando o grupo lançou o volume 13. A música "Xonou, Xonou" revolucionou e marcou a carreira da banda porque esta inovou e ousou em trazer aos seus fãs um novo ritmo à banda, um ritmo mais "pra cima", agitado. Não queremos dizer com isso que as músicas anteriores à esta não eram "pra cima", mas o "pra cima" de "Xonou, Xonou" e de muitas outras que vieram posteriormente é diferente.
Quem acompanha a Calypso há mais tempo, como nos "anos dourados" da Calypso (2004-2006), sabe que a banda sempre prezou pelo ritmo calipso, ao estilo de "Pra te esquecer", "Ainda te amo", "Acelerou" e muitas outras que sempre fizeram parte do repertório da banda. Contudo, após o volume 13 e, especificamente, com a adesão em massa da música "Xonou, Xonou", a Calypso parece ter gostado da tendência de produzir músicas no mesmo estilo e deixou de lado, em parte, músicas no ritmo calipso, seguindo uma tendência que começou a crescer com os novos fãs da banda.
Os ritmos agitados da Banda Calypso de antigamente se realizavam em músicas como "Temporal", "Solidão", "Cúmbia do Amor", "Dudu", "Vendaval", "Homem Perfeito". Atualmente, uma "carrada" de músicas agudas e realmente agitadas descaracterizam, em parte, a verdadeira essência da Calypso: estamos falando de músicas como "Se Joga", "Vem Balançar", "Meu Encanto", "Xonou, Xonou", "Balancê" e muitas outras.
Tais músicas mais recentes estão claramente seguindo uma tendência, tanto de mercado, quanto da nova "classe" de fãs que estão surgindo. No CD "Meu Encanto", por exemplo, acredito que a banda quis minimizar um pouco o fato de vir trabalhando com músicas muito agitadas. Esse fato é comprovado pela inclusão apenas de "Meu Encanto", que, vamos combinar, veio em dose suficiente para o CD inteiro. Daí, a banda resolveu inovar mais uma vez e trouxe um caldeirão de ritmos: "Se pedir um beijo eu dou" traz a pegada de um forrozinho pé-de-serra, "Isso não é amor" traz o estilo irreverente do zouk e "Sinônimo de amor" introduziu o forró eletrônico ao estilo da Calypso. Mudanças ruins? Não, mas apenas difíceis de serem aceitas por fãs antigos que estavam acostumados com o gostoso ritmo calipso de se cantar e dançar.
Super recente, "Me beija agora" parece ser a cara estampada de que a Calypso vem seguindo tendências. A música, muito boa por sinal, traz o recém-chegado ritmo ao Brasil - o kuduro -, glorificado pela canção "Vem dançar kuduro", do cantor Latino. Com versos que, por cima, lembram a canção do Latino, "Me beija agora" já cativou os calypseiros e promete ser sensação no próximo CD da banda, a ser lançado em agosto.
O que fazer agora? Na minha humilde opinião, opinião esta de um calypseiro nato e que acompanha a banda desde 2004, é esperar que a Calypso volte um pouco às origens e traga de volta canções envolventes com o ritmo calipso que gostamos de escutar. Só frisando: não que as músicas agitadas e as mudanças que vieram sejam ruins, mas é sempre bom manter aquele ingrediente secreto que deu à Calypso um reconhecimento nacional diferente. E olha que ela fez a diferença.
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