Mas, estamos de volta com a análise do DVD "Banda Calypso - Ao vivo no Distrito Federal", gravado em agosto de 2013 e lançado no final do mesmo ano como um dos DVDs mais esperados pelos fãs depois da decepção do DVD gravado em Angola.
O título desta análise não é à toa e se refere ao âmbito geral do que encontramos no DVD: uma renúncia ao ritmo de origem da banda, o verdadeiro ritmo calipso.
Contudo, para melhor análise, dividiremos esta análise em alguns tópicos para melhor organização do conteúdo e para a disposição das notas da equipe para o DVD. Assim, esta análise está dividida em: aspecto visual, estrutura, repertório e show, figurino, edição e conteúdo. Vejamos a análise e suas notas:
1. Aspectos visuais
Confesso que a capa deste DVD é uma das mais bonitas dos já trabalhos ao vivo lançados. Segundo a página da banda, a capa foi criada por fãs e realmente traz a imponência de um grande trabalho. O misto de cores também se faz agradável, além da própria foto escolhida para estampá-la.
A contracapa, contudo, não agradou. Com uma simples imagem superior e sem charme nos outros espaços, a contracapa desencanta. A tipologia da fonte também não agrada, perfazendo-se uma fonte meio agressiva e sem nexo com a leveza e delicadeza inerente à capa. A tabela de informações técnicas também é simples e agressiva. Enfim, acredito que faltou um pouco de trabalho na contracapa, com fotos mais objetivas e específicas de momentos do show, afinal lentes não faltavam.
Com relação ao interior do DVD, trabalharam o simples atrelado ao esbelto e o resultado ficou bom. O encarte é simples, mas agrada com uma linda foto de Joelma e com fotos das participações especiais do DVD (os cantores Amado Batista e Reginaldo Rossi). O adesivo do CD é o mesmo da capa.
O menu traz o mesmo misto de cores da capa e com a mesma fonte agressiva, que é distorcida quando em maiores resoluções. O projeto infográfico, no entanto e no geral, agrada e não decepciona.
2. Estrutura
Dessa forma, a Calypso soube bem juntar o útil ao agradável, como bem afirmou Joelma na coletiva de imprensa para o DVD e exibido nos bastidores do trabalho.
Além da imensidão do palco, que também conta com uma enorme passarela, Joelma e Chimbinha foram agraciados com enormes projeções em 3D no palco, numa disposição em referência e homenagem ao falecido arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer. O palco, realmente, era de encantar os olhos.
Contudo, essa foi a primeira vez que a Calypso não se utilizou de um cenário próprio no palco, deixando-o completamente seco e original ao do evento, sem nenhum adicional, o que, nas imagens finais, perde um pouco do encanto, pois são poucos os momentos que temos imagens das projeções nos enormes telões no DVD. Daí, a imagem realmente centra-se em Joelma, Chimbinha e a banda, sem ter uma presença especial de cenário no palco. Os artistas realmente parecem formigas na imensidão da estrutura.
3. Repertório e Show
Confesso que fiquei impressionado com a quantidade de músicas recentes a serem trabalhadas no DVD, enquanto que, utilizando-se da hipérbole, milhões de músicas em potencial do grupo poderiam ter sido utilizadas no show. O mal lançado CD "Eu me rendo" foi destaque e campeão nesse DVD, tendo quase todas as suas músicas inseridas. Até mesmo a música de campanha de Secretaria da Saúde, "Malhando com Calypso", teve seu lugar no céu, assim digamos.
Aqui, faz-se presente e jus ao título da matéria, a verdadeira e triste renúncia ao ritmo que engrenou a banda: o calipso. Este ritmo, tão gostoso de cantar e dançar, de músicas como "Te encontrei", "Amor não te esqueci", "Pra te esquecer", "Gringo lindo", enfim, de todas as músicas antes do divisor de águas do grupo (que foi "Xonou, Xonou"), foi totalmente esquecido e deixado de lado, resumindo-se apenas a "Disco voador" (colocada de última hora, pois nem entraria), "O lado bom do amor" (que só possui calipso na parte do refrão), "The End" e "Eu sonhei" (meio romântica, meio calipso). Somente essas quatro faixas trazem o tão famoso (ou era) ritmo calipso. Ao resto, divirtam-se com ritmos agitados e o bachata.
Se a capa tava bonita, o repertório estava uma bagunça só. Pela primeira vez em um trabalho oficial a banda mistura ritmos diferenciados em blocos iguais. A banda realizou o DVD ao maior estilo de um show sem pretensões organizacionais, como se a ordem criada tivesse sido aleatória. É tanto que aboliu-se aquelas passagens musicais entre uma música e outra e misturou tudo. Então, de cara vemos "Disco voador" (calipso) junta a músicas como "A festa começou" e "Me beija agora", no mesmo e primeiro bloco. Misturou-se, logo em seguida, o bachata com o romântico e logo em seguida com o calipso de novo: "Eu me rendo", "Onde anda meu amor", "Telefone fora de área", "O lado bom do amor", "The End" e "Eu sonhei".
Além disso, foi o primeiro DVD do grupo que não contou com uma abertura, restando apenas a entrada de Joelma ao som inicial de "A festa começou". E os fãs ainda achavam que vinha uma abertura à lá "DVD 10 anos". Constata-se, realmente, um DVD diferenciado e fora dos costumes da banda, com toda a organização e qualidade que se via antes no preparo de um trabalho audiovisual. Pelo menos é o que aparenta.
4. Figurino
Apesar de ter se limitado ao uso do branco e do preto, o requinte e detalhes majestosos do figurino utilizado pela loira só fizeram ressaltar sua beleza, esbanjando-a durante todo o show do DVD. O primeiro figurino, além do famoso babado que Joelma tanto gosta, trazia pérolas por todo o tecido, além de detalhes nos ombros mais sofisticados e chamativos. O segundo vestido, que se desdobrava em outro, trazia detalhes prateados em um background totalmente negro, refletindo com a luz que ali incidia. O terceiro figurino utilizado pela loira foi um belíssimo vestido branco também com detalhes prateados. O prata também se fez presente no último figurino da loira, todo preto com detalhes prateados, com um colete e calça que lembram um cenário meio urban war.
A escolha do figurino caiu muito bem para o DVD e trouxe um brilho extra ao espetáculo. Simples, mas bonitos e bem trabalhados.
5. Edição (som e imagem)
Neste DVD não foi diferente. A edição de imagens foi bem melhor, obviamente, que o DVD anterior ("Ao vivo em Angola), mas deixou pontos a desejar, como a falta de câmeras no próprio palco (câmeras móveis) e a edição aquém que realizaram em uma parte do espaço da gravação onde tinha um grande vazio de pessoas. No lugar, editaram uma grande mancha em gaussian blur para "tapar" a falha que havia no público.
Além disso, a ausência de imagem em HD fez muita falta no DVD, que aparece com câmeras e imagens distorcidas em determinados momentos ou que sabemos que a imagem poderia ser melhor, afinal, gostaríamos de ver a grande beleza das projeções nos telões em 3D. Falta na Banda Calypso alguém ligado à área de engenharia e tecnologia que aponte ao grupo as melhores maneiras de investimento em aparatos tecnológicos, há muito necessitados pela banda. No caso do São João do Cerrado, faltou maior investimento adicional do grupo, que parece ter apenas se acomodado sobre o convite da gravação do DVD no local pela organizadora do evento. Poderiam ter aproveitado para fazer um DVD 3D, já que as projeções eram em 3D ou, no mínimo, em HD.
Com relação ao áudio, outra decepção. Esperando um áudio lotado de gritos e vozes vindas dos grandes fãs presentes na gravação, eis que nos deparamos com uma edição que cortou praticamente todo o áudio vindo do público. Não se ouve a plateia cantar, poucos gritos são ouvidos com intensidade. Ninguém sabe o que realmente aconteceu. Sabe-se, apenas, que o resultado final é frustrante, porque esperava-se grande evolução com relação à edição pífia do DVD em Angola, que foi totalmente editado para forjar a voz do público (já que os angolanos não sabiam a letra das músicas do repertório do referido DVD). No entando, a Calypso gravou em terras brasileiras, em Brasília, lotado de fãs que sabiam mais do que de cor as letras das músicas, mas fazem essa grande proeza. Os gritos de "Joelma, eu te amo", no final de "Disco Voador", são quase mudos. Não dá para ouvir.
Além disso, o som tratado para a voz de Joelma e dos próprios instrumentos fez-se seco, sem eco ou graves, sem equalizadores. É um som estranho, sem a cara de um show ao vivo. Realmente, decepcionei-me com o áudio e esperava muito mais, no sentido de ouvir a plateia participando do show e arrepiando quem assiste em casa.
6. Conteúdo
Lembra da época do DVD na Amazônia em que Joelma e Chimbinha falavam diretamente com o público sobre todos os aspectos do DVD? E que também tinha aquela seção com toda a discografia da banda? Então, saudades...
Conclusão
O que falta, realmente, é espírito inovador e investidor na Banda Calypso, e todos os fãs sabem disso. Falta ousadia em intervir em eventos como tais. A Calypso tem que mostrar sua própria estrutura, dizer assim: "eu trouxe minha própria estrutura para acrescentar à sua". Exemplos de artistas nacionais que fazem isso em shows até mesmo pequenos são inúmeras. Só para citar, Ivete Sangalo e Luan Santana.
O DVD "Banda Calypso - Ao vivo no Distrito Federal" não é ruim, mas também não é dos melhores. Reunindo todos os pontos apresentados, é um DVD para estar no topo entre os melhores, mas não consegue chegar aos pés de um "Calypso pelo Brasil" ou "10 anos". Infelizmente, foi uma oportunidade mal aproveitada.
A seguir, temos a média ponderada das notas dadas pela nossa equipe para este DVD. Esperamos que tenham gostado da matéria!