Um dos fatores que foram primordiais para a conquista do sucesso e que deu realmente o toque diferente à carreira de sucesso da Banda Calypso foi a independência do grupo. Desde o início, Joelma e Chimbinha sempre encabeçaram todo o trabalho jurídico e administrativo relacionado à Calypso. Sim, eles eram literalmente donos e empresários de um grande negócio.
O mercado da música nunca foi fácil e em pleno ano 2000 ter um nome no cenário musical brasileiro também não era para qualquer um. O fato é que Joelma e Chimbinha, além de muita batalha e perseverança, contaram com a sorte e a fé, que os levaram, de boca a boca, do Norte ao Sul do país. Com vários CDs adesivados "Calypso Produções", a banda conquistou literalmente o público brasileiro, tendo seu auge entre nos anos de 2004 (com o lançamento do CD volume 4 - sucesso como "Pra te esquecer" - e depois o DVD "Ao vivo na Amazônia") e 2008 (com os estouros dos CDs volume 6 e volume 8).
A banda parecia não ter mais para onde crescer. O estouro foi tanto que nem mesmo os fãs acreditavam o que poderia acontecer ainda mais na carreira da Banda Calypso para que seu sucesso fosse ainda maior.
Contudo, o passar do tempo, o aumento do sucesso e também o aumento dos lucros começaram a permear na cabeça, principalmente, dos fãs (que acompanham diariamente os passos do casal e de todo o grupo), fazendo com que certas características desenvolvidas na banda fossem postas em xeque. Ou melhor, fossem alvos de mudanças. Estamos falando de equipe. Sim: equipe.
Por ser uma banda independente, a Calypso nunca precisou de uma gravadora para lançar seus discos e realizar seus trabalhos de gravação e vendagem, o que acontecia de forma própria. Além disso, o "casal empresário" nunca teve um olhar adiante (talvez fruto da própria vocação de ambos, que são músicos). A Banda Calypso, em seus 15 anos de estrada, nunca inovou no quesito de equipe no tocante a ter, por exemplo em seus DVDs, uma equipe que orientasse Chimbinha na organização do palco, na infraestrutura, na tecnologia, no investimento. A palavra-chave é investimento. Com tanto dinheiro ganho, vê-se pouca inovação no campo do investimento na Banda Calypso.
Recentemente, li um debate entre fãs em que era praticamente unânime a opinião entre tais: a Calypso nunca soube investir o dinheiro ganho em elementos que dão um ar novo ao grupo e, principalmente, um ar de esperanças de mais sucesso aos fãs. A prova disso são os últimos lançamentos do grupo, que deixou de ser independente e agora tem uma distribuidora por trás das vendas de seus trabalhos. Os DVDs sempre podem ter um toque a mais. Não é porque entregou-se o palco do São João do Cerrado como ele estava que a banda não poderia mexer. Pode sim! E é só querer. Vemos artistas com pouquíssimo tempo de carreira com trabalhos belíssimos, dignos de grupos ou artistas de mais de anos de carreira! É frustrante!
Eu, enquanto fã, sinto que aquela famosíssima Banda Calypso não é mais a mesma Banda Calypso; aquela banda de três casais de dançarinos que rodopiavam e dançavam sem parar, fazendo as coreografias apenas nos momentos no vocals; aquela banda do ritmo calipso, que gerava, em seu próprio nome, o ritmo que a levou ao sucesso; hoje, é a banda do bachata e dos ritmos 'sai do chão'; cadê aquela Joelma que dançava no ritmo da bateria, puxando uma perna e depois a outra para trás, balançando no ritmo gostoso do calipso? Hoje, é a Joelma dos giros e do arrocha, do balanço do quadril em poucos passos de dança.
O que falta, realmente, é o chamado (e famoso) espírito inovador. Chimbinha tem que começar a olhar (ou começar a consultar) as questões por lados mais experientes. O DVD de 15 anos vem aí e todos esperam um grande espetáculo, digno de uma banda que há 15 anos vem mostrando que seu sucesso não é, de longe, passageiro. É uma banda duradoura e que já confeitou todo o bolo. Agora, só falta a cereja.