De regravação em regravação, a Calypso enche o repertório
Mas, já que o "Eu me rendo" veio, vamos analisar esse surpreendente trabalho da banda. Incomum, Chimbinha realmente se atirou neste trabalho, trazendo uma ousadia irreverente, diferente do que a Calypso trabalhou desde que foi criada, em 1999. O CD é realmente um brega solto, ao maior estilo de um cabaret (notem que não é no sentido pejorativo da palavra), em um estilo que me lembrou bastante o Reginaldo Rossi.
Dentre as curiosidades dos fãs, com certeza o repertório era a maior delas. Esperando um CD de 15 faixas cheio de inéditas, eis que surge a primeira frustração (porque virou comum): o CD é recheado de regravações, sendo a maioria das faixas da própria banda e algumas poucas outras de alguns artistas brasileiros. Das 15 músicas, apenas 5 são inéditas. E sem potencial.
Esse CD foi produzido em menos de 1 mês e é realmente sem justificativa a pressa em lançá-lo. Como disse anteriormente, desde o CD "Vem Balançar" a Calypso vem acumulando trabalhos pífios e sem o alcance que se obtinha antigamente. A falta de planejamento, com certeza, é o fantasma que vem rodeando a banda nos últimos anos.
Bom, a capa não é das mais bonitas. A foto se salva, mas o fundo é totalmente sem nexo e não tem nada de encantador. Além disso, a logomarca da banda ficou estranha e não combinou em nada com o estilo da capa, principalmente por conta de sua coloração dourada.
O título do CD é bom. "Eu me rendo" tem uma carga legal de ser chamativo, mas a música em si não é tão boa. Já falamos a cerca dela no último post desta coluna e não me deterei em falar dela de novo.
Acredito que a principal crítica com relação a esse novo CD da Calypso resida em dois fatos: o número de regravações e ao cansativo ritmo que Chimbinha adotou no novo trabalho.
Como disse, o CD é praticamente formado por músicas regravadas da própria banda e de outros artistas. "Amor bandido", "Abandonada", "Onde anda meu amor?", "Telefone fora de área", "Paris", "Só pra mim" são algumas das canções regravadas, além de todos os pout-porri serem de regravações. Lamentável e desnecessário.
Na minha humilde opinião, as únicas músicas que se salvam deste CD são "Amor bandido", "Abandonada" e "Me esquece e some". Esta última, para mim, é a que tem maior potencial de ser sucesso com esse ritmo bachata.
Por falar em ritmo, Chimbinha poderia ter pensado um pouco mais em trazer um CD praticamente só deste ritmo. É um ritmo legalzinho, mas é cansativo. Ouvir 13 músicas nesse estilo, então... Aff... cansa. Enfim. O mais triste é ver que a banda renegou por completo o seu ritmo de origem, o calipso. O que eu mais temia, aconteceu: a perda da identidade da banda. Bom, foi totalmente desnecessário trazer tantas músicas em bachata. Elas poderiam ter ficado restritas à parte romântica do CD e o grupo deveria ter trazido um misto de ritmos iniciais, como esses mais agitados que vem trazendo nos últimos CDs ("A festa começou", por exemplo) e músicas de estilo calipso.
Falando em "A festa começou", tal música e "Malhando com Calypso" também deixam a desejar. Além de trazer um caldeirão de ritmos que não se encaixam, "Malhando" é uma música totalmente sem nexo. Muitos defenderam que é uma música para alertar a população e aos ouvintes para a saúde. Mas. será mesmo que você vai procurar um médico depois de ouvir a música? Poupe-me.
Portanto, acredito que mais uma vez, infelizmente, a banda veio a falhar com esse trabalho desnecessário. Minha nota para o CD é 6.
As esperanças estão em Ceilândia
Como disse na outra matéria desta coluna, estou meio descrente com relação aos novos projetos da banda, já que a mesma vem acumulando falhas nos últimos anos, tendo atitudes impensadas e que vem gerando frustrações por parte dos fãs.
Contudo, os fãs estão realmente esperançosos que a gravação do novo DVD da banda, confirmada em Ceilândia, DF, venha suprir todas essas "falhas" dos últimos trabalhos do grupo, principalmente com relação à estrutura de palco e repertório.
Há muito os fãs clamam por uma estrutura digna de palco da banda em uma gravação de DVD. O palco do "São João do Cerrado", evento no qual Joelma e Chimbinha gravarão o novo trabalho audiovisual, já mostrou em edições anteriores que é digno de uma gravação de DVD.
Com relação ao repertório, não me encho de esperanças. Tenho, sim, uma fé de que desta vez Joelma e Chimbinha aproveitem algum tempo para rever trabalhos que não foram divulgados e os incorporem neste DVD, como algumas músicas do CD "Vem Balançar" e, principalmente, dos últimos trabalhos do grupo - os CDs "Meu Encanto", "Eternos Namorados" e, agora, "Eu me Rendo".
Vamos aguardar e torcer bastante para que o grupo pise no freio e ande com mais calma, afinal a esperança é a última que morre, não é mesmo?